A IGREJA QUE CAMINHA EM COMUNHÃO
Atos 2: 42-47
Dentre as necessidades mais expressivas que a igreja possui, dentre os desafios mais importantes que a igreja enfrenta e dentre os propósitos mais claros que a igreja recebeu, encontramos a COMUNHÃO.
Quando Jesus nos oferece os propósitos da igreja nos textos de Mateus 22:37-40 e 28:19,20, entendemos que um dos cinco propósitos é o da busca da comunhão, manifestação da obediência do mandamento que diz: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo.”
Temos visto que nem sempre a igreja de Cristo na terra tem trabalhado com qualidade na busca da comunhão, tão necessária ao convívio, ao crescimento e ao alcance do que Deus nos legou para que muitos pudessem crer. Gosto de lembrar da história do pastor de uma pequena igreja quando foi pregar na grande igreja de seu amigo. Tudo era grande demais. O auditório lotado, levou seu colega a perguntar quantos membros a igreja possuía. Ao que o colega respondeu: “São mil membros”. O colega quis saber como era o comportamento dos crentes, se todos trabalhavam. O pastor da grande igreja respondeu: “Na verdade, todos trabalham. Trezentos para Deus, setecentos para o diabo.” Esta história faz lembrar que, por vezes, a igreja anda aparentemente junta, unida, mas não desfruta da doce comunhão com Deus e com os irmãos, fator fundamental para crescimento, para edificação, para atração de outras pessoas e para a glorificação do nome do Senhor.
Gostaria de, apresentar o primeiro propósito que nossa igreja precisa perseguir mais e mais, se desejamos ser uma igreja relevante para os crentes que a compõem, para a cidade onde está plantada e para o Deus que nos colocou aqui e nos mantém – a COMUNHÃO.
A igreja que anda em comunhão é o tema desta mensagem, entendendo que:
A IGREJA QUE ANDA EM COMUNHÃO VENCE SUAS BATALHAS EM CONJUNTO. Uma das grandes maravilhas que a comunhão nos fornece é a vitória com o corpo de Cristo. É a possibilidade que Deus nos providenciou de não passar por esta terra sozinhos e, muito menos, desfrutar a experiência cristã sem ter com quem compartilhar a fé.
Já ouvi pessoas perguntarem: “Pastor, posso ser crente em casa?” A resposta é clara e não pode ser diferente: Deus criou a igreja para que o crente pudesse desfrutar comunhão com os seus irmãos e com Ele mesmo, dentre outras coisas. Ser crente e pertencer a igreja é uma grande bênção que o Senhor nos concede. Assim, seja nos momentos de alegrias, seja nos de lutas, somos abençoados.
O exemplo bíblico nos mostra que a igreja, ao andar em comunhão, experimenta vitórias e supera suas dificuldades.
Atos 3: 34,35, nos mostra que sempre vão surgir as dificuldades na vida dos crentes. Assim é que em Jerusalém, a crise social e econômica também castigava, como hoje castiga nossa cidade e nosso país. A Bíblia, no entanto, nos mostra que os crentes, pela comunhão que existia na igreja, amenizou o problema, repartindo, dividindo, demonstrando amor.
Atos 3:23-31, mostra a igreja enfrentando lutas espirituais e perseguições, situação que comumente a igreja de Cristo sofre. Depois da grande manifestação do poder de Deus na vida do coxo, os apóstolos são presos, interrogados e depois ameaçados pelas principais autoridades religiosas daqueles dias. O que fazer agora? A Bíblia, no entanto mostra que os Apóstolos reuniram-se com a igreja, que ouviu o relato deles. Nos versos 23 e 24, lemos: “Uma vez soltos, procuraram aos irmãos e lhes contaram quantas coisas lhes haviam dito os principais sacerdotes e anciãos. Ouvindo isto, unânimes levantaram a voz a Deus...” Sim, irmãos, o lugar de compartilhar as lutas, ameaças e pressões é no meio do povo de Deus e a comunhão faz com que unanimemente levantemos nossa voz ao trono da graça de Deus. Quando a igreja ora em comunhão, a igreja treme( v. 31 ) e o poder das trevas é derrotado.
Atos 12:1-19, mostra que a igreja que anda em comunhão vê vitórias maravilhosas, sinais grandiosos de Deus e livramentos que não seriam possíveis, caso a igreja estivesse caminhando separadamente. Mais uma vez a igreja é perseguida e Pedro é preso. A igreja, no entanto, unida, está em oração; “...mas havia oração incessante a Deus por parte da igreja a favor dele( de Pedro )”( v. 5 ). Deus atua e milagrosamente Pedro é liberto da prisão. O primeiro lugar par aonde vai é para a igreja que está reunida: “Considerando ele a sua situação, resolveu ir para a casa de Maria, mãe de João, cognominado Marcos, onde muitas pessoas estavam congregadas e oravam”( v. 12 ). Houve testemunho, alegria e vitória , porque a igreja estava em comunhão.
Nossa igreja pode e deve andar em comunhão para que nunca falte o necessário a nenhum de seus membros. Nunca falte mantimentos no SAIC, nunca falte apoio em oração, nunca falte apoio aos crentes em meio às perseguições e lutas da vida e nunca falte a operação milagrosa de Deus em nosso meio.
A IGREJA QUE ANDA EM COMUNHÃO PROMOVE O CRESCIMENTO DE SUAS FAMÍLIAS. A igreja deve ser vista como uma grande família. Pessoas diferentes e com atitudes diferentes. Todos unidos, entretanto para que não falte o amor e a edificação que leve ao crescimento. Quando há comunhão na igreja, as famílias ganham, porque uma família ajuda a outra e as vitórias são compartilhadas porque são resultados do empenho de muitos.
A igreja dos primeiros dias reunia-se nas casas, pois não havia ainda o templo para tal. Com o tempo, a necessidade de um prédio foi se vital para o desenvolvimento da obra de Deus. A igreja, no entanto deve buscar o equilíbrio para que não seja apenas “templária” ou “templocêntrica”( tudo só acontece no templo ), tampouco deve sofrer de “templofobia”, a idéia de que o templo é desnecessário.
A comunhão começa na igreja, nas reuniões do templo e se estende no dia a dia do povo de Deus. Famílias reunidas para compartilhar, para orar e para trocar suas necessidades. Como é bom quando as famílias se unem para um culto ou para uma visita. Como é gostoso quando as crianças podem participar de encontros familiares onde o assunto é o poder e a graça de Deus e não assuntos que não edificam. A casa onde Pedro se refugia em Atos 12, é a casa de Maria, mãe de João Marcos. João Marcos cresceu ouvindo sobre Jesus, da boca do próprio Pedro e pode ver grandes milagres, como o livramento de Pedro naquela noite. João Marcos foi, mais tarde missionário. Um pouco desastrado, é verdade, pois deixou Paulo falando sozinho e voltou para casa. Mais tarde, resolve voltar ao campo, mas é vetado por Paulo – que era muito durão. Encontrou um Barnabé, mais brando, amoroso e compreensivo, que o acolheu, que investiu nele e viu o resultado de toda esta bagagem espiritual: João Marcos, o autor do Evangelho de Marcos, foi o primeiro a escrever um Evangelho e todos os demais se basearam nele. Mas tudo começou num lar, onde os crentes se reuniam e compartilhavam em comunhão os ensinos de Cristo em fervente oração.
Amados, a comunhão das famílias da igreja é, sem dúvida, um importante remédio nos dias em que faltam referenciais para os nossos jovens e adolescentes. Quantos que vivem sozinhos: viúvas, separados, filhos que moram longe dos pais, ou não os tem. Casais que enfrentam instabilidades conjugais ou mesmo famílias que enfrentam crises espirituais. Precisamos de uma igreja que trabalhe a comunhão das famílias para que muitos “Marcos” possam ser criados aos pés do Senhor e produzam frutos eternos neste mundo.
A IGREJA QUE ANDA EM COMUNHÃO COOPERA COM O CRESCIMENTO DO REINO DE DEUS. A comunhão da igreja nos primeiros tempos foi responsável pelo seu crescimento numérico. O amor evidente, a dedicação quase sem explicação dos irmãos , uns pelos outros, o próprio fato de se tratarem como “irmãos”, faz com que a igreja, por um lado, seja bem recebida pelo povo – diz-nos Atos 2: 47: “...e contando com a simpatia de todo o povo...” - e por outro perseguida pelos inimigos de Cristo que consideravam suspeitas estas atitudes de amor, num mundo brutal, egoísta e fechado em si mesmo. Aliás, tão parecido com o de hoje.
Os lares eram usados para a pregação, os laços de amizade e fraternidade eram fortalecidos. Homens terríveis eram transformados pelo poder de Deus e integrados na igreja, como ocorreu com Paulo que contou com um discipulador que, não só o ensinou, mas também o integrou, mostrando que ele não era mais o perseguidor, pois havia sido transformado pelo poder de Deus. Nas epístolas de Paulo encontramos casas onde as igrejas se reunião, como é menção sobre a casa de Filemom. A cooperação para que o evangelho seja anunciado é grande. Vemos os servos de Deus cooperando uns com os outros: Barnabé, Priscila e Áquila, Febe, Apolo, e um sem número de nomes que são citados, desde as mulheres que ajudavam o ministério de Jesus, até os dias de Paulo em suas viagens.
Quando a igreja está em comunhão, há cooperação, há disposição para a ajuda. Alegremente participamos, pois vemos que a obra não é de Paulo, Apolo ou Pedro, mas a obra é de Deus e precisa andar e crescer.
A IGREJA QUE ANDA EM COMUNHÃO APRESENTA DESAFIOS AOS SEUS MEMBROS. A vida de comunhão na igreja apresenta desafios que precisam ser transpostos para que possamos cumprir esta exigência do Senhor. Em oração precisamos colocar estes desafios diante de Deus e com a ajuda dele vencer para que, em nada, nossa comunhão seja arranhada.
Precisamos aceitar e entender o nosso irmão, se há desejo de mudar e crescer. A mudança, para muitos não é fácil. Mas se ele quer, precisamos manifestar este amor. Por outro lado, precisamos nos esforçar para mudar o que precisa ser mudado em nossa vida e maneira de ser para que não sejamos instrumentos para rompimento da comunhão.
Precisamos incluir todos na nossa comunhão. “Até aquele irmão chatinho?” Especialmente ele! Nossos olhos e coração precisam estar abertos para que todos se sintam “em casa” , acolhidos “em família”. Lembremos que somente os rebeldes deixam de lado uma família amorosa e que anda em comunhão.
Precisamos vencer as barreiras com os de dentro. Isto implica em resolver problemas, acertar situações que não foram bem explicadas, repreender idéias erradas e fantasiosas. Precisamos largar a garrafa de gasolina e ter nas mãos o extintor. Precisamos deixar de “comprar brigas”, “tomar dores” e “fazer com os outros o que fizeram comigo”.
Precisamos “desejar fazer parte”, isto é, “se incluir”. Há pessoas que ficam pelos cantos, às vezes resmungando porque não são procurados, mas, na verdade, não se deixam incluir, não se deixam conhecer, não abrem a porta. A comunhão acontece quando todos os corações estão dispostos a isso.
Precisamos melhorar nossas relações com os outros, vencer barreiras, remover “cismas” , tirar impressões que podem ser ou não verdadeiras. O amor, afinal, vence todas as coisas.
Precisamos procurar uma “família” para ajudar ou para sermos ajudados. Não feche sua família, deixe mais um ou mais uns entrarem. Encoraje pessoas, dê ânimo, caminhe junto. Mostre amor e você receberá amor. Receba uma “João Marcos”, jovem confuso, que conhecia de Deus, mas que precisava de um Barnabé (o filho da consolação ) para ajudá-lo em amor, a se tornar um gigante da fé.
A igreja precisa andar em comunhão, precisa caminhar de mãos dadas, precisa compartilhar o grande amor que Jesus tem colocado em nosso coração. Quando assim andamos, atraímos pessoas que querem fazer parte de uma família de verdade. Onde falamos a verdade, amamos de verdade, ajudamos de verdade, ouvimos de verdade, nos importamos de verdade, respeitamos de verdade.
A igreja precisa ser o lugar onde buscamos respostas para nossas necessidades, onde acolhemos o ferido, onde nos reunimos para buscar forças para depois sair e ajudar as famílias que choram ou se sentem sozinhas.
A igreja que anda em união depende de você, amado irmão!
Que o Senhor possa falar ao seu coração, despertando sua vida para uma caminhada ainda mais frutífera de comunhão na presença de Deus, ao lado dos irmãos.
